O projeto

Comunicação, Antropologia e Filosofia: estética e experiência na comunicação visual, audiovisual e literária urbana da contemporaneidade de Belém do Pará

A pesquisa objetiva estudar a comunicação visual urbana da contemporaneidade de Belém do Pará tendo como campos de saber principais a comunicação, a antropologia e a filosofia. A ideia central é de que essa comunicação visual, que pode se situar em anúncios publicitários, fachadas, vitrines de lojas, prédios comercias, etc, se relaciona com o espírito contemporâneo e essa relação se dá de modo contextual e não mecânico entre características econômicas e estéticas, ou entre a experiência contemporânea e a estética comunicacional com a qual ela se liga. Para este estudo elege-se os conceitos de experiência e estética de Walter Benjamin e Clifford Geertz na busca da exposição dessa relação no objeto estudado. Verifica-se essa possibilidade de análise, através da comunicação, da antropologia e da filosofia, como propiciadora de um estudo que busca observar a realidade, a estética, como um dos sinais fundamentais de uma época, mas que não deve ser unicamente compreendida como seu sucedâneo, mas sim como sua expressão, sua manifestação perceptível. A contemporaneidade belenense exibe essas estéticas que são um tema não apenas fundamental, já estudado desde as Passagens Parisienses do século XIX, mas evocativo para se pensar a condição contemporânea amazônica.

O conceito de Fisionomia com o qual este projeto se relaciona:

“Genericamente falando, a fisiognomia benjaminiana é uma espécie de ‘especulação’ das imagens, no sentido etimológico da palavra: um exame minucioso de imagens prenhes de história. Ela tem sua razão-de-ser nas especificidades do seu pensamento, que se articula não tanto por meio de conceitos e sim de imagens. A ‘imagem’ é a categoria central da teoria benjaminiana da cultura: ‘alegoria’, ‘imagem arcaica’, ‘imagem de desejo’, ‘fantasmagoria’, ‘imagem onírica’, ‘imagem de pensamento’, ‘imagem dialética’ – com esses termos se deixa se circunscrever em boa parte a historiografia benjaminiana. A imagem possibilita o acesso a um saber arcaico e a formas primitivas de conhecimento, às quais a literatura sempre esteve ligada, em virtude de sua qualidade mítica e mágica. Por meio de imagens – no limiar entre o a consciência e o inconsciente – é possível ler a mentalidade de uma época. Partindo da superfície, da epiderme de sua época, ele atribui à fisiognomia das cidades, à cultura do cotidiano, às imagens do desejo e fantasmagorias, aos resíduos e materiais aparentemente insignificantes a mesma importância que às ‘grandes ideias’ e às obras de arte consagradas. Decifrar todas aquelas imagens e expressá-las em imagens ‘dialéticas’ coincide, para ele, com a produção de conhecimento da história” (BOLLE, Wille. Fisiognomia da metrópole moderna: representação da história em Walter Benjamin. 2 ed. São Paulo: Edusp, 2000, p. 42-43).

Apêndice (2014):
Ampliou-se o escopo do projeto atentando para um maior espectro de objetos. Além da comunicação visual urbana de Belém, também sua comunicação literária, midiática e ainda audiovisual, que se relacionam com as discussões aqui apresentadas.
Tais objetos se relacionam com estética ao apresentarem mudanças no modo de produção e percepção da cidade ao longo de três décadas; modificações, apropriações e re-interpretações sobre a região e a cidade, também evocadas em canções e videoclipes; o diálogo próximo entre intervenções feitas na fisionomia urbana da cidade e suas relações com paisagens anteriores, também apropriadas e apresentadas em produtos audiovisuais, e diálogos entre literatura e cinema na Belém contemporânea.
Também se ampliou a concepção do ponto de vista daquele que observa a cidade, incorporando-se outras perspectivas além das ruas, como interiores, imagens vista do alto e espaços “fisicamente imperceptíveis” da cidade.
 

.

.

Fisionomia Belém

.

.

.

.